sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A tomar nota


Quero menos pão e mais circo.
Menos açúcar e mais vinho.
Quero poesia a substituir meus pensamentos.
Quero a leveza que sou capaz de suportar.
E gostar mais do que sou do que de quem eu seria,
Porque o sou agora
E o seria é condicional por demais.


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ich bin ein Ausländer!

Então agora eu moro em Berlim. Talvez "moro" não seja o melhor verbo, afinal são só oito meses, mas ainda sim é tempo suficiente para conhecer o lado turista e morador/cotidiano da cidade. 
Tá bom que eu sempre quis vir morar na Europa por um tempo, acho que tem algo nesse continente que é por demais sedutor, uma fleuma de antiguidade versus modernidade que se mistura muito bem e causa água na boca dos brasileiros. Só tenho uma ressalva: esse idioma, esse enigma, esse som distante, essas palavras looooooooongas, esse amontoado de consoantes encavaladas às vezes salvas por uma vogal, essa pronúncia agressiva que dá medo até nas almas mais tranquilas... o alemão. Aff. Que aliás, eu não falo. Aff. Assim, vou vivendo nessa cidade onde sou surda e muda (muitos falam inglês, mas não é assim toooodo mundo, como dizem). Nada melhor pra se sentir a estrangeira! Pelo menos a paisagem é maravilhosa, e isso eu posso experimentar e partilhar. 
Tschüss!!
Street Art no East Side Gallery.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

The Catcher in the Rye - J.D. Salinger


(Pausa para falar sobre a ausência de meses a fio. Ok, superado)

Penso que quando se lê um livro e pretende-se escrever sobre o mesmo, é preciso fazê-lo na hora, no instante que se termina a leitura. A provocação que aquele amontoado de páginas lhe causou estará fervilhando naquele momento. Talvez, dependendo do impacto do tal livrinho, essa sensação dure ainda alguns dias, e depois se transforme em algo como: “é, aquele livro realmente me marcou, muito forte”, embora você não lembre mais o porquê. É assim: leu, escreva logo. Lembro quando li “O Estrangeiro”, de Albert Camus (a pronúncia deste nome nunca soa natural na minha cabeça), e queria desesperadamente falar com alguém sobre o livro, discutir o assunto, ter outras opiniões. Mas, vá la, ninguém tinha lido mesmo. Fazer o que, a vontade passou, a sensação fervilhante passou, e ficou a impressão de um livro de impacto forte. Lembro-me vagamente a razão.


Pois bem, romances à parte, o objetivo aqui era escrever sobre “O apanhador no campo de centeio”, de J. D. Salinger. É um daqueles livros que um dia, mais cedo ou mais tarde, você acaba comprando uma cópia e lê. Esta passando numa feirinha de antiguidades/tralhas em um Sábado, ele estava baratinho me olhando de uma banca, comprei.
É um adolescente. Ele tem suas rebeldias. Tem suas manias. Tem uma pontinha de estupidez que leva várias vezes a escolhas tremendamente erradas e imbecis. E apesar do autor-narrador usar um vocabulário bastante simples, cheio de gírias (de 1950, vá lá), e muito repetitivo, ele diz diretamente tudo o que se propõe, e te envolve indefinidamente.
Mas o mais interessante e intrigante é sua ojeriza desde adolescente por tudo e todos que o envolvem. Salvo algumas poucas pessoas de seu convívio mais pessoal, como sua irmã, personagem leve e alegre, esse jovem sente uma certa náusea de todos, do comportamento e discurso das pessoas, de suas atitudes, das atividades da vida cotidiana, tudo. De certa forma, você espera o tempo todo que algo de realmente ruim aconteça.
O que me assusta é que na época que li (faz aí uns 2 meses apenas) me identifiquei bastante com o tom de agonia do moço. Às vezes tudo parece tão sem sentido e todos parecem tão babacas. Algo como uma 
misantropia generalizada. E isso assusta. Alguém me disse, conversa-vai-conversa-vem, que o livro se tornou a bandeira dos tais adolescentes incompreendidos, vítimas do tão afamado bulling, calados e estranhos, que em um belo dia saem por aí atirando em todo mundo. Eu não compartilho desta visão. Acho que o livro destila, em seu mais puro amargor, floreado com um pouco da luz pueril da adolescência, o “tantinho assim” que todos nós temos de aflição/preguiça/desgosto do mundo. E disfarçamos bem todos os dias. Tá bom, não que seja assim sempre, mas também não vou escrever um livro de auto-ajuda. E, só pra constar, SPOILER!!!, nada de realmente ruim acontece. Afinal, é só um dia depois do outro.
Queria tê-lo aqui para citar as passagens que mais me marcaram, mas no momento estou bem longe de casa. Talvez eu acabe relendo o livro.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

“Sessão de terapia: seu tempo acabou” Ou “Faz diferença?”



"Existirão pessoas que simplesmente nunca se encontram? Uma vez assisti a algum filme, ou comercial, ou li em algum lugar, enfim... não me lembro onde foi, mas a frase aterrorizante (esse adjetivo vem do olhar de hoje) foi a seguinte: “e o cara mais genial que conheço não tinha ideia do que queria da vida aos 22 anos de idade”. Na época, eu adolescente, indecisa, perdida, encontrei muito conforto nessa frase. Mas os 22 vieram e passaram. Daí houve algum momento, quando conheci Neil Gaiman, que li em alguma parte de alguma contracapa de um livro dele (memória tá falhando pesado) que ele próprio só começou a escrever aos 24 anos, e antes não tinha noção do que queria também. Muito bem, pensei, que ótimo, uma esperança. Mas os 24 anos vieram e passaram. Mas ainda sim sempre fica uma expectativa, de alguma forma existe a certeza de que quando o momento chegar haverá sinos tocando e sinais bem claros em toda a sua volta. Mas, enquanto isso não acontece, você coloca o despertador para tocar as 7 da manhã. Depois de uma noite de sonhos conturbados e momentos despertos, o despertador cumpre sua função, e você pensa: para que levantar agora? Fará assim tanta diferença se eu acordar agora ou daqui a 15, 30 ou 45 minutos? Finalmente, levanta, se arruma, às vezes até exagera na produção, pois você quer e precisa se sentir bem, e vai “trabalhar”. A razão das aspas é compreensível só para aqueles envolvidos com pós-graduação stricto-senso que vivem da bolsa que recebem. Um fenômeno conhecido como “síndrome do vampiro intelectual”, suga sua mente, sua alma, te deixa marcas profundas, e não dá nada em troca. Durante o dia você repassa muitas decisões na sua cabeça, enquanto realiza uma tarefa que deveria receber mais atenção. “E se isso, e se aquilo”, “talvez se eu fizer isso”, “quem sabe é por causa disso” e outras frases ficam salteando nos pensamentos até que a resolução do dia brota: “ah, já sei, vou fazer isso, começo segunda feira, uma vida toda organizada, vai dar tudo certo, era disso que eu precisava”, e os seus problemas estão resolvidos. É possível até visualizar tudo correndo perfeitamente, com disciplina e organização até sua vida normal poderia ser mais interessante. No intervalo entre o término de uma tarefa, uma pausa para o café ou uma ida ao banheiro, toda a resolução fica esquecida, como se nunca tivesse surgido. Você decide que já trabalhou demais, e mesmo se fizer hora extra nos próximos 100 anos não vai terminar o trabalho mesmo (aliás, foi por isso mesmo que você nem quis acordar mais cedo), então vai embora. Pega trânsito. Pensa que deveria ter saído mais tarde para evitar o trânsito mais sempre faz a coisa errada mesmo. Chega em casa, liga a TV somente nos programas de comédias, ri um pouco, esquece um pouco, faz um lanche, ah como é gostoso estar em casa, que bom ter um teto, uma casa confortável, uma comida gostosa, nem sei porque passo tanto tempo pensando e reclamando. Decide que se não for dormir mais cedo não conseguirá levantar mais cedo amanhã, que é o que deveria fazer mesmo, ser mais positiva, trabalhar mais, com mais prazer e etc. Pega um livro, lê durante um bom tempo até o sono bater. Apaga a luz, se enrola nas cobertas, e, apesar de cansada, pensa e pensa e pensa por muito tempo. E lembra que amanhã terá que fazer tudo de novo. E dorme. E tem sonhos conturbados e momentos despertos à noite, até que seu despertador toca às 7 da manhã. Faz diferença se eu me levantar agora ou daqui a 15, 30 ou 45 minutos? A sensação é de estar inventando coisas para arrastar o tempo, disfarçar os dias, justificar a existência, preencher o passar dos minutos."


quinta-feira, 29 de março de 2012

Ah, a hereditariedade...


"Ah Pai, por alguma ironia, como se já não estivéssemos farta dela, lembro sempre de ligar-te lá pro meio da noite, quando já não é mais educado tocar as campainhas telefônicas das casas de outrem, quando já tenho uma desculpa quase que moral para ignorar minha vontade de falar-te. Vai dia e vai hora e penso que em algum momento isso deve sim acontecer. Penso que por um tempo poderíamos conversar sobre aqueles filmes que você viu, que você sabe que eu vi, e sabemos juntos que vimos porque ambos gostamos do diretor. Esse diretor tem um estilo que muito nos agrada, algo da linguagem que usa, transmite, sei lá, a solidão dos personagens. Sei que falaríamos algo como isso. Ou sobre aquele CD que você me deu no Natal passado. Mandou o moço entregar aqui em casa, com um cartão tão emocionado quanto os cartões de pessoas distantes e queridas e arrependidas devem ser. “Neste ano...” e por aí vão palavras que muito prometem, e são verdadeiras, mas, Ei!, são só palavras. Não cheguei a comentar contigo, pois afinal só nos vimos uma vez depois disso, mas eu gostei bastante do CD. Embora você saiba disso, nem preciso falar, você já sabia de antemão. Sabe, talvez seja justamente essa compreensão antecipada entre nós que nos estimule tanto a poupar palavras. E contatos. E momentos. E, no entanto, tenho palavras sobrando, ensaiadas em longo prazo na minha cabeça, para gastar na terapia que um dia irei fazer, quando criar coragem, quando criar dinheiro, quando criar prioridades na vida atrapalhada que tenho. Como poderia eu ter uma opinião sobre como nos tratamos? Espelho meu, como poderia eu? E naquele telefonema falaríamos sobre o filme, sobre o CD, e em algum ponto costurado nessas entrelinhas que nós dois sabemos bem ler, toda aquela vaga infância, todo o crescer, os longos anos que hoje passam pela minha cabeça como imagens esfumaçadas lentamente desaparecendo, tudo isso seria entendido, explicado, perdoado, consertado, vivido. Amanhã, sim, amanhã eu te ligo."

quarta-feira, 28 de março de 2012

Das cenas inesquecíveis - Lost in Translation


Sofia Coppola é o tipo de diretora e roteirista que ou você adora ou odeia. Eu me encaixo no primeiro grupo. Há algo de melancólico nos filmes dela, talvez algo embutido entre o silêncio que paira entre uma fala e outra, ou na música que embala as paisagens urbanas... esse algo melancólico me encanta. A diretora consegue captar o mundo solitário de um indivíduo, seja ele um ator de cinema decadente no meio de uma crise pessoal ou uma moça na flor da juventude com um sentimento aterrador de inadequação e insatisfação. Porque o indivíduo está mesmo em si quando está em silêncio. É ali que pensa, que sofre, que pondera, medita... ou que não quer pensar em nada, simplesmente. De alguma forma bizarra a diretora consegue captar isso, e transforma em algo quase poético em suas cenas.
A cena a seguir é do filme Lost in Translation, ou, no Brasil, Encontros e Desencontros. Nessa cena há o "encontro" final dos dois, que apenas fecha o enorme "desencontro" entre eles e consigo mesmos. Pode parecer lírico demais, até piegas, mas um pouco de cada um de nós se identifica com os elementos dessa cena. De quebra, a música ajuda muito, o som abafado do Jesus and Mary Chain com Just Like Honey. Liiiindo.



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Desafio Literário 2012 - Eva Luna, Isabel Allende



Perambulando em Valparaíso passei por uma feirinha onde havia um vendedor de livros usados. Já estava interessada em conhecer um pouco da literatura chilena, e essa foi a oportunidade. Comprei um livro de páginas amareladas da Isabel Allende, uma das mais conhecidas escritoras chilenas. Calhou também do livro se chamar Eva Luna, nome próprio, apropriado para o Desafio Literário deste mês, além de ser uma desculpa para treinar minha leitura em espanhol.
Pois bem, o livro já começa com uma frase marcante, que diz muito sobre a protagonista e narradora do romance: “Me llamo Eva, que quiere decir vida, según um libro que mi madre consultó para escoger mi nombre”. Eva é filha das chamas entre Consuelo e um índio jardineiro em seu leito de morte. Consuelo, sua mãe, mulher desgarrada de raízes, com poucas emoções em sua vida, empregada de um médico que embalsamava cadáveres com um líquido misterioso, criou a filha de forma simples, e a ensinou a contar muitas histórias fantásticas e criativas. Após a morte da mãe, viveu como empregada de casa em casa, nas quais trabalhava, sonhava e, vez por outra, aprontava em protesto ao comportamento dos patrões. Quando finalmente fugiu para as ruas, sua habilidade de contar histórias a salvou por diversas vezes, e incitou a simpatia de muitos. A epígrafe do livro já dá pistas desse fato, pois é uma citação sobre Sherazade, das Mil e Uma Noites. Enquanto Eva Luna cresce e adquire sabedoria, o país no qual se passa a história sofre uma crise severa devido à ditadura. Não há menção direta à qual seria esse país, mas levando em consideração a nacionalidade da autora e a história sangrenta e pesada de ditadura do Chile, presume-se que esse seja o país de Eva. A ditadura, como se espera, é tratada como o mal, um atraso, um retrocesso pela população do local. O próprio amante de Eva está envolvido no combate à ditadura. Humberto Naranjo é um homem criado na rua, com modos rudes, que, com o tempo, encontra sua vocação: liderar uma guerrilha revolucionária contra o sistema. Apesar de admirar Humberto, sabemos desde o início do livro que a verdadeira paixão de Eva seria Rolf Carlé, cuja história é contada em paralelo. Rolf, dono de um passado doloroso e marcante, é um jornalista que documenta o movimento de guerrilha liderado por Naranjo.
Isabel Allende

Uma história com um fundo político e idealista forte, com um imaginário fantástico acoplado aos fatos do dia a dia que só escritores sul-americanos são capazes de fazer, e um enredo envolvente que, mesmo lendo em espanhol, dá vontade de continuar pra sempre, Eva Luna foi um ótimo livro de iniciação à literatura chilena. Agora devo procurar obras de outros nomes de peso, como Gabriela Mistral e Roberto Bolaño, para rechear as leituras dos nossos escritores vizinhos. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pedaços do Chile

Palácio da Moeda
Museu do Palácio da Moeda, Santiago
Pisco Sour, Mercado Santiago
Ceviche, Mercado Santiago
Cerveja Kunstmann, a melhor do Chile (opinião)
Frutos do mar, Mercado Santiago
O deserto
Já abraçou um cacto hoje?
Frutinha no deserto
Flor de cacto
Copiapoa, cacto mais famoso
Flor estranha do deserto
Enxergue uma pirâmide e uma cara de índio, El Pinte
Fóssil na pedra, El Pinte
Fóssil na mão, El Pinte
Fósseis em todo lugar, El Pinte
Portal mágico na ilha Chañaral
Encontre o pinguim, ilha Chañaral
Leões marinhos preguiçosos, ilha Chañaral
 O macho leão, ilha Chañaral
Para achar o caminho
Mais comida! El Naturista, Santiago
Vinha Cousiño Macul, Santiago
Música na rua, Valparaíso
La Sebastiana, casa de Pablo Neruda (incrível), Valparaíso
Praia do Pacífico, Concon
Tentando fotografar o golfinho, ilha Chañaral
Golfinho nariz de garrafa fazendo show, ilha Chañaral
Presença ilustre da baleia, ilha Chañaral



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Desafio Literário 2012 - Coraline - Neil Gaiman





Coraline (não Caroline!) é um livro para crianças, ou era para ser. Lembro que quando vi o filme, anos atrás, fiquei até com um medinho... mas acho que as crianças são mais corajosas hoje em dia. A própria Coraline (não Caroline!) é uma menina bem corajosa. E curiosa. Recém moradora de uma casa meio afastada de tudo, passa seus dias brincando do lado de fora, explorando a paisagem, conhecendo os vizinhos e pedindo atenção dos pais, sempre muito ocupados, trabalhando em casa. Ao lado do gato, uma companhia bastante volátil, visita locais do quintal, toma chá com as vizinhas, senhoras há muito aposentadas do teatro, e troca palavras com o vizinho de cima, um treinador de camundongos de circo. Dizem que os camundongos tocam instrumentos e treinam o dia todo. Se é verdade Coraline não sabe. Mas essa rotina não é suficientemente interessante para a menina, afinal, está de férias e tem muitas horas pra gastar. Tudo muda quando a mãe, tentando dar-lhe o que fazer, mostra-lhe a chave de uma antiga porta num quarto onde se guarda a mobília herdada da avó. A porta foi cimentada de cima abaixo, separando a casa em apartamentos. Depois de abrir a porta e mostrar a filha os tijolos por trás, deixa-a destrancada, pois não há motivo para passar a chave. A partir daí tudo começa a ficar muito estranho. Um certo dia, sozinha em casa, Coraline se coça de curiosidade para reabrir aquela porta, mas o que encontra quando abre não é nada do que tinha visto antes. Seus olhos veem um corredor escuro e longo, e não há curiosidade que resista a atravessá-lo. Do outro lado encontra sua casa, a mesma, igual, de novo. Só que muito melhor, muito mais legal, cheio de diversão e cor, como sempre quis. E uma mãe, igual à sua, que a ama muito quer que a filha se divirta o quanto possa. Só uma detalhe a difere: seus olhos são botões pretos. Caroline se diverte, come seu prato favorito, brinca, relaxa e volta pra casa. Mas seus pais da casa real nunca mais aparecem. O que aconteceu? Coraline (não Caroline!), corajosa como é, terá que descobrir.
Como um romance infanto-juvenil do Neil Gaiman não é nada além de ótimo, é certeza de uma boa leitura, por mais maduro e adulto que você seja. Se gostar, recomendo também o Livro do Cemitério, que é uma delícia de leitura. 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TOP 5 Filmes Woody Allen

Para completar o quadro geral do ser clichê que admito ser (e que gosto de ser), venho fazer um TOP 5 dos filmes mais geniais do meu, do seu, do nosso adorado cineasta, escritor, ator e outras coisas mais, Woody Allen.
A ordem será cronológica, do mais antigo ao mais atual, pois seria desafio demais tentar classificá-los do melhor para o... menos melhor? rsrs (me perdoem os estetas do português, mas não dá para falar "pior")


1) Annie Hall 1977
Annie Hall é o grande marco na carreira de Woody Allen. A partir deste filme o cineasta passou a ser reconhecido mundialmente por suas comédias existenciais que permeiam os relacionamentos amorosos.O filme traça a relação de Alvy Singer, o próprio Woody, e Annie Hall, Diane Keaton (papel que marcou profundamente sua carreira). Não precisa dizer que ambos têm comportamento neurótico, como já diz o jocoso título do filme em português: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Assistindo, você não sabe se torce para o casal ficar junto ou se separar de vez. Uma loucura.

"A relationship, I think, is like a shark. You know? It has to constantly move forward or it dies. And I think what we got on our hands is a dead shark" Alvy Singer






2) Manhattan 1979

Manhattan desponta quando Woody Allen já se consagrou como ótimo diretor, escritor e ator (caricatural, é claro). Já está estabelecida sua obsessão com os temas Nova Iorque, americanos judeus, relacionamentos amorosos complicados, e insatisfação crônica. Neste filme, Woody é Isaac, recém divorciado de Jill (a já glamurosa Maryl Streep, novinha). Ela está escrevendo um livro que parece bem autobiográfico, e revela detalhes de seu casamento. Isaac está se relacionando com uma adolescente, mas não parece nada satisfeito... e daí se desenrolam desejos, triângulos amorosos e outras formas geográficas mais difíceis de descrever. A fotografia do filme é linda e valoriza muito os horizontes da metrópole mais famosa do mundo.

"I think people should mate for life, like pigeons or Catholics" Isaac Davis






3) Match Point 2005
Match Point está na lista porque representa o início de uma fase na carreira de Woody Allen: películas filmadas na Europa. Este, por exemplo, foi rodado na Inglaterra. A trama do filme envolve mentiras e traições de um homem, Cris Wilton, que custa a decidir se prefere uma vida financeiramente confortável ao lado de sua esposa rica, ou sexualmente interessante ao lado da amante. A sorte é a grande personagem principal do filme, não abandonando nunca Cris. Uma influência forte e clara é o livro Crime e Castigo de Dostoiévsky. Há várias passagens que remetem à obra. É um filme marcante, que abre uma era muito agradável da obra de Woody Allen. 

"Eu prefiro ter sorte do que ser bom"




4) Vicky Cristina Barcelona 2008

Ah... este filme é extremamente agradável. Misture Espanha, Javier Bardem, Penélope Cruz, Scarlett Johansson, vinhos, Gaudí e Woody Allen. Dá pra ficar melhor? Uma trilha sonora incrível recheada de guitarras espanholas, imagens maravilhosas, diálogos interessantes e dúvidas existenciais na flor da juventude. Não precisa de mais nada. Mas, se interessar, Woody se inspirou na obra de Henry James sobre as diferenças em como europeus e americanos tratam o amor (ato e sentimento). Na época, coincidentemente ou não, estava lendo Retrato de uma Senhora, do Henry James, e vi bastante a diferença relatada. De qualquer forma, é um filme que assistiria de novo, e de novo, e de novo...

"Maria Elena used to say that only unfulfilled love can be romantic" Juan Antonio



5) Meia Noite em Paris 2011

Por fim, escolhi este filme para fechar a lista. Não julgo que seja o melhor ou o mais genial (apesar de me inclinar bastante nessa última opção), mas une algumas das coisas que mais me divertem na vida: cinema e literatura, num estilo bem Woody Allen. Ainda mais ambientado na linda Paris, na "época de ouro". A história gira em torno de Gil (Owen Wilson), escritor americano que passa férias em Paris. Um dia, andando à noite, pega uma carona que o teletransporta para a Paris dos anos 20. Alí, pasmo, ele conhece grandes nomes da época que, para ele, representa a era de ouro na qual queria ter nascido. Scott e Zelda Fitzgerald e Ernest Hemingway passam a ser parte de seu cotidiano, e até Dalí e Bañuel dão uma pinta na trama. Fascinante! 

"That Paris exists and anyone could choose to live anywhere else in the world will always be a mystery to me"


(se fosse uma simples questão de escolha...) 






quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Alberto Montt

E tem aqueles sites que sempre se dá uma olhadinha em horas de procrastinação, não é mesmo? O blog do Alberto Montt, Dosis Diarias, é ótimo pra passar um tempo. Cartunista chileno, suas tirinhas têm os mais variados temas, desde políticos (super sérios com um tom cômico), passando pela eterna batalha Deus/Diabo, até a gozação de filmes e séries do mundo ficção científica. Para quem curte um bom conteúdo nerd bem engraçado, Montt é um prato cheio. 






domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Hobbit - J.R.R. Tolkien






O Hobbit faz parte da vasta lista de livros que me envergonho de nunca ter lido. Como haverá o filme do livro de Tolkien este ano (após muita enrolação), e havia, convenientemente, um exemplar da obra aqui em casa à minha disposição (esta edição da foto), resolvi eliminar este item do “hall of shame”. Daí, só faltarão outros milhares (como a trilogia que o segue... eu sei, eu sei, me envergonho muito mesmo!).
Logo no início do livro me identifiquei muito com o estilo de vida hobbit. Acho que não prezo nada mais que o conforto da minha “toca”, os desjejuns fartos, e as horas de contemplação da vida sentada na poltrona segura da minha sala. A rotina é um prazer apreciado por poucos, deveras. Mas esse hobbit, o Sr. Bilbo Bolseiro, foi obrigado por Gandalf e um bando de anões a seguir em uma aventura em busca de vingança e recuperação de um tesouro há muito tomado dos anões por um dragão, Smaug, nas montanhas. Relutante como pôde e desconfiado como nunca, partiu para essa aventura perigosa e traiçoeira contra sua vontade. Mas ao longo do caminho, onde conheceu elfos, águias e homens,  e combateu trolls, orcs e wargs, foi, aos poucos, revelando ser mais corajoso e sábio do que jamais imaginara. E isso mudou muito sua vida, assim como a de seus colegas.
Vários pequenos detalhes do livro tornam a narrativa uma obra muito divertida e especial para a leitura. O estilo de escrever de Tolkien deixa o leitor entretido, pois é ao mesmo tempo formal e bastante descontraído. Passagens como “(...) e havia o hobbit que era tão grande que podia até montar um cavalo”, entre outras, abrem sorrisos durante a leitura.
E mais: durante a aventura o hobbit encontra o anel! Sim, aquele mesmo anel que gerou todos os problemas que você conhece pelos outros livros/filmes (my precious!!!). E eu fiquei pensando, talvez influenciada pelo conhecimento da história, que neste livro o anel já demonstrava ser um pouco maligno como viemos a saber depois. O próprio Bilbo, ao encontra-lo e descobrir sua utilidade, não quis, a princípio, contar a nenhum de seus companheiros o achado.
Durante a longa aventura, várias vezes o Sr. Bilbo Bolseiro deseja estar em sua toca, prestes a tomar o segundo desjejum. E o desejou não pela última vez. O caminho é longo, as aventuras árduas e o tesouro farto. Melhor ainda é acompanhar tudo isso pela leitura.

O filme, O Hobbit - Uma Jornada Inesperada, está previsto para este ano.