segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Genética, escolhas que nossos avós não faziam - Mayana Zatz




Eu não costumo ler livros de divulgação científica, fico pensando que já tenho pouco tempo pra ler literatura "de verdade", ficção mesmo, e que, como já trabalho com ciência, minha dose diária de literatura científica já basta. Mas, vez ou outra, ganho um livro destes (ou pego emprestado), e me animo a ler. No caso deste foi meu pai quem me presenteou, na melhor das intenções. E eu acabei gostando de ler o tal livro. 
A autora, Mayana Zatz, é professora titular na USP, no departamento de Genética, ao qual eu pertenço como mera aluna. Ela é também uma das cabeças do Centro de Estudos de Genoma Humano, o local referência de aconselhamento genético em São Paulo, e no Brasil.

 O livro discute os avanços na área da genética relacionados ao diagnóstico de doenças, tratamento das mesmas e determinação de prole afetada. Hoje é possível saber de antemão, dado o histórico familiar de afetados e os exames de DNA, se um casal terá um filho doente ou não. Isso, entre outras coisas, gera uma série de questionamentos éticos que não acompanharam, com a mesma velocidade, os avanços da genética. É ético escolher o sexo dos filhos? É ético estocar sangue de cordão umbilical em bancos privados? É ético usar DNA de uma pessoa que não autorizou seu uso se for para esclarecer um crime hediondo?
Muitas questões estão em debate, e ainda não há um certo ou errado. Definir certos parâmetros de ética será fundamental daqui em diante, por dois motivos: a ciência não pára de avançar, inclusive hoje mesmo já se pode fazer mais do que nossa imaginação permite vislumbrar; e enquanto discutimos, pessoas, que poderiam se beneficiar de um tratamento inovador estão morrendo.
O livro promove um debate informativo das questões mais importantes, e que batem à nossa porta todo dia,  seja você diretamente ligado ao assunto ou não. Termino com um trecho do prólogo escrito por Jorge Forbes, médico psiquiatra: "Este livro é uma decepção para aqueles que vivem correndo atrás de reduzir a experiência humana a uma tabela de genes onde tudo estaria previsto, (...) um 'estava escrito' científico. Os que veem os geneticistas como astrólogos autorizados pela Academia, com título de doutor, vão sofrer nestas linhas, vão ficar embaraçados. Por outro lado, é um bálsamo aos que compreendem que o mais essencial da humanidade é ser criativo, a saber, onde falta a determinação biológica, porque somos seres incompletos (...)".

2 comentários:

  1. Ah tenho vontade de ler este livro, vi uma entrevista com a Mayana e fiquei tri interessado, acho que o debate sobre a ética é urgente demais para que fiquemos postergando.
    Adorei conhecer teu blog ;)
    estrelinhas coloridas...

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  2. Então Mi, recomendo a leitura. A linguagem é bem tranquila até se vc não for da área. E as questões são infinitas... a Mayana tem um blog tb, de vez em quando coloca os casos lá. Obrigada pela visita! Abraço!

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