quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Desafio Literário 2012: Julie & Julia - Julie Powell




Há, sem dúvida, uma simpatia pelos livros autobiográficos. A razão é simples: os fatos narrados são corriqueiros, por vezes trágicos, por vezes cômicos, e você já passou por eles, ou por alguns deles ao menos. O mesmo senti quando li “Comer, rezar, amar”, que pra minha surpresa de menina que não lê blockbusters, principalmente que tendam à auto-ajuda, foi um pequeno deleite. A mesma simpatia de identificação pessoal aconteceu com o livro de Julie Powell.


                                               Essa é a Julie real!

Comida e cozinha, ou cozinha e comida, é algo que permeia todas as relações humanas.  E assim como algumas pessoas são mais humanas do que outras, algumas gostam mais de cozinhar do que outras (sem ofensas... eu mesma sou quase analfabeta, mas adoro tentar!).  No livro de Julie Powell você encontrará muitas receitas entremeadas com o cotidiano ora histérico, ora tedioso, ora depressivo, ora tudo ao mesmo tempo, da secretária casada desde os 24 anos, que está prestes a completar os famigerados 30 e ainda não tem ideia de como alavancar sua vida. Talvez um bebê resolvesse o problema... talvez... não fosse sua síndrome de ovários policísticos ou a completa imaturidade emocional para a tarefa. Ela resolve então se engajar num projeto totalmente lunático: cozinhar todas as 524 receitas do livro Mastaring the Art of French Cooking, de Julia Child (para os desavisados, um clássico) em 365 dias (um ano se você fizer as contas). E registrar tudo em um blog, é claro. Daí começa a aventura de conseguir balancear a carreira (ou a falta dela), dinheiro, marido (e os ataques histéricos, quem nunca?), amigos, família (a mãe perde de vez a esperança que a pobre filha vá virar gente grande) e o desafio de realmente CONSEGUIR fazer as receitas. Porque, por favor, há um capítulo só de receitas de carnes servidas frias no meio de gelatinas? Quem come isso? E no mais, você aprende que a comida francesa é qualquer coisa, geralmente algum miúdo esquisito, como rins, fígado moela e até miolos, embebida em bastante creme de leite, com mil temperos, e muita, muita, muita, mas muita manteiga mesmo.

No final das contas, o projeto maluco engrena de verdade, e ela passa de secretária despercebida a celebridade. O blog faz um tremendo sucesso (eu mesma iria gostar de acompanhar), o que ajuda um tanto na força de vontade para seguir com a empreitada. De fato, o blog dá tão certo que ela o transforma em livro (não diga?), e hoje se dedica exclusivamente à escrita. Um final feliz, devo dizer.
Como é seu primeiro livro, às vezes a narrativa fica forçada demais, ou desconjuntada demais. Não estou criticando negativamente, na verdade acho que para uma iniciante ela escreveu muito bem. Creio que no futuro, quando eu quiser uma leitura bem calminha e engraçada, talvez eu a procure novamente. Ou tente cozinhar algum prato francês. Quem sabe...


[Você já deve saber, há pelo menos 2 anos, que existe um filme do livro (aliás, estampado nesta edição do livro). Vale a pena assistir, até porque a Meryl Streep faz Julia, o que já é louvável...]


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